11.9.08

6 de Setembro 2008 - O Recomeço após 38 anos

Luís Bulha 1º, e Franco Costa o 3º da esquerda, para a direita: com os Quatro «Mosqueteiros», (Toninho Ruas, Chico Vasconcelos (o pequenote), Carlitos Freire, o (Mameiro), o Pedro (China), companheiro inseparável, sempre presente, nas mais diversas tropelias num espírito super saudável de uma infância inesquecível; desde as goiavas (goiabas) de casa, e de outras casas, as maçanicas do Sr Fernando António, às peladas na prisão com os prisioneiros, os carros de rolamentos a preceito, na cisterna, nas traseiras da câmara municipal; aos vidros partidos da biblioteca Municipal, onde imperava o sr Gonçalves, (a quem, de forma subtil provávamos os figos frescos da figueira no seu quintal, saltando o muro), pai da Geninha e tio da Milai; e outros companheiros e companheiras; Infância «rica», livre, feliz; mesmo com as exigências rígidas da Maria Pia a «Protectora» implacável.
O Lema era: BRINCAR, BRINCAR, BRINCAR.
PS: Faltam o Zé Freire (o Grande), seu irmão Toninho Freire (o Russo), Juca o (Bangú), meu irmão, Luís Freire, Tozé Freire, e de vez em quando as meninas: Anita, Guida e a Cecília Vasconcelos.
Quando falo destas peripécias aos meus filhos, eles riem-se muito e dizem: «vocês eram da idade da pedra».
Recordo-lhes que o espaço era nosso, o tempo parecia parar, e as portas das casas dos nossos pais estavam sempre abertas. Tanto assim, que aos fins de semana brincávamos também nas salas principais do Tribunal, quer em cowboys e índios, quer em corsários Piratas motivados por Emílio Salgari, para além dos Cinco de Enid Blyton, onde o cão era neste caso a «Pituca» a nossa cadela que sem pedir licença a ninguém dormia no meio da rua em frente à escola Vasco da Gama, obrigando os automóveis a passar ao lado; morreu de velhice aos 13 anos e nunca foi atropelada). Todos esses pedaços de vida da nossa infância estão lá, e também na nossa memória; até, imaginem, o saltar o muro da casa do Bispo, para apanhar amêndoas e romãs, e toranjas. Percorríamos a nossa cidade de ponta a ponta sem medos, em aventuras constantes; ás vezes saía mal; a piscina municipal era «nossa», das 7 horas da manhã, até ao seu fecho.
Isto era qualidade de vida, com mentes sãs e limpas, de quaisquer preconceitos.

4 comentários:

Anónimo disse...

A. Ruas:
Soberbo texto!...
Gostei de rever-te 35 anos depois da última vez.
Abração.
Luís Bulha

Anónimo disse...

Ruas,
Bem hajas!
“Viajei” no teu texto! Lindíssimo!
Cada vez mais amo o privilégio de ter sido da «idade da pedra», ter vivido lá onde o sol nasce e de ter tido como tu dizes uma infância «rica», livre, feliz, numa sociedade onde o Elogio da Amizade e a Hospitalidade eram os exercícios máximos do viver em conjunto. Raros são os que acreditam quando eu conto que tive o privilégio de ter vivido num dos sítios mais holísticos e mais mágicos do mundo! Enfim, viajei no teu texto e voltei a «saltar o muro da casa do Bispo, para apanhar amêndoas e romãs, e toranjas» e o quintal do Engº Quadros para «"roubar" maçanicas», voltei a andar de carrinhos de rolamentos e a esfolar joelhos e cotovelos de bicicleta e..., sei lá! É como tu dizes, de forma ímpar, «Recordo-lhes que o espaço era nosso, o tempo parecia parar, e as portas das casas dos nossos pais estavam sempre abertas». Que gratificante, lembrares-me do mundo em que eu vivi!
Lindo o teu texto! Que Saudades! Que Viagem!
Um beijinho para ti e um abraço zambeziano para todos,
Eveline

Anónimo disse...

Realmente, aquela terra era "um mundo à parte".
Bem haja por ter recordado algo que hoje não existe! embora eu não seja da v/ geração,(sou um pouco mais velha) mas também fui lá bastante feliz na minha juventude.
Amo aquele chão... como gostaria de lá voltar! Embora tenha consciência de que nada é igual...
Que Deus abençõe todos os Moçambicanos em especial os da Zambézia! Um abraço!

Anónimo disse...

O Sr. Gonçalves (Guilhermino Gonçalves) faleceu recentemente (*), em Dezembro passado, em Almeirim. Com a filha, a Maria Eugénia – a Geninha - estiveram algumas pessoas de Quelimane. Entre outras, a Milai.

Passarei a mensagem para ambas.

Duarte d'Oliveira

…………………….

(*) http://comando-de-agrupamento.blogspot.com/2008/12/quelimane-o-bibliotecrio.html